segunda-feira, 27 de abril de 2009

Tatuagem na Alma


Algumas mulheres mas só algumas, marcam a alma como uma tatuagem.
Essa mulher que exercita a coragem, que desafia, que provoca a inveja, e um desejo insaciável, mexendo com a imaginação alheia.
Uma mulher que usa a arte da sedução como estratégia, desarma os corações mais duros e imaturos.

Mulher que grita com o olhar, tem cheiro de maresia, entra sem pedir licença, invade e consome a tua alma.
Mulher que tira a calma, que arranca da vida o que é necessário para alimentar o seu ego e a sua fama.
Mulher feiticeira, mulher santa, mulher cheia de veneno doce, o seu afeto é um alçapão.
Mulher que transforma fracos em kamikazes, medrosos em guerreiros e céticos em devotos.
Mulher que causa um certo medo, o despeito, e a ira em outras mulheres.
São capazes de transformar uma simples conquista em um grande poder.
Ela transveste o sexo em romance e o romance numa fulminante loucura.
Ela agride com a força do amor, arranha e agarra a tua vida a unha.
Essa mulher que vaga sem rumo pelo teu corpo, que toma o teu ar e a tua lucidez.
Ela se alimenta da tua saliva e do teu sêmem, e para ser deusa, favorece os mortais.
Essa mulher que aniquila a timidez, a vergonha e a moral.
A sua voz ordena suavemente, autoriza e rompe as fronteiras do desconhecido.

Essa mulher que brilha e arde com a paixão, o seu corpo é um fruto maduro.
As suas mãos detectam as zonas de prazer, a carência contida no âmago, o mais profundo segredo, e de dentro da hipocrisia, desenraiza o mais puro gemido.
O seu sorriso chama, a sua boca provoca viagens alucinantes, e o seu fluxo é quente.
Algumas mulheres, mas somente algumas, transformam casebre em templo, vinagre em vinho, solidão em amor.
Depois de prova-la, a liberdade será um mero capricho, e não mais uma necessidade.

Por Gemária Sampaio

sábado, 25 de abril de 2009

Homem com prazo de validade....


Me penetra, arromba-me o corpo sem que minha alma sofra.
Sou rasgada e virada do avesso mas anestesiada pela indiferença.
Quero te sentir com a ausência de sensações ou dores.
Te olho, te chamo e nem por isso eu te quero.
Venha como rascunho, não te quero passado a limpo, eu não exijo as tuas verdades.
Não me importo com as tuas invenções, tuas desculpas e com o teu sorriso sem graça.
Tire essa máscara de bom moço pois a tua realidade não me espanta.
Confesse os seus sentimentos mais grotescos, não dou a mínima importância.
Não me preocupo com as tuas críticas.Vivo sem, e melhor sem elas.
Eu não quero os teus elogios ou a tua gentileza, elas carregam o peso da falsidade e um gosto amargo.
A tua boca mentirosa destila um veneno quase mortal, as tuas palavras são como folhas ao vento. O teu beijo tem gosto de fel e tua pele exala um suor suportável somente por algumas horas.
A tua presença tem prazo de validade, falar de amor contigo é uma heresia.
Os teus apelos não me comovem, a tua gargalhada não me faz melhor.
Portanto, cale-se!
Apenas venha, faça o teu melhor, cumpra o teu único papel.

Não quero entender o que tens a dizer.
Não quero saber dos teus problemas, teus medos ou da tua dor.
Não me aborreça com as tuas tristezas, vá para bem longe de mim secar as tuas lágrimas.
O teu canto é um urro agônico, os teus sonhos são vãos.
Não te humilho, o meu desejo imperioso é que te coloca no teu devido lugar.
Venha para fazer a única coisa que te valoriza....
Por Gemária Sampaio

Eu devo uma satisfação.
Esta é uma postagem exclusiva, cabe somente para alguns elementos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Raio- X de Gemária Sampaio


Nasci de uma gente antiga e arcaica, minha educação foi rígida tanto em casa quanto no colégio de freiras.
Mas não foi tão ruim ser filha de pais extremamente cuidadosos, o tempo todo demonstravam amor mas nunca se esqueciam de cobrar a disciplina, a verdade e a coragem.
Meu pai tinha como hobby a pintura, os desenhos, escrevia letras de músicas e amava fotografia.
A minha paixão pela música clássica aconteceu no cinema, o meu pai me levava para almoçar sempre aos domingos, após o almoço, "cinema". Chegávamos 30 minutos antes do filme começar para que eu as ouvisse. Eu sentia que aquele som entrava em mim e me fazia muito bem, descobri então, que a música me completava, hoje eu não me vejo vivendo sem ela.
Nos desenhos que eu assistia quando criança, também tinham na sua trilha sonora músicas instrumentais clássicas, tem um toque cultural nos desenhos infantis mais antigos, algumas pessoas nem reparam este pequeno detalhe.
A minha mãe era professora de educação física, violinista e cantava no coral da cidade, elegante e muito independente para a época, ela sentia que o tempo voava, portanto não parava de me aconselhar achando que eu me transformaria numa mulher de uma hora para outra.
Desde pequena eu queria receber de presente, livros e discos (LPs ou compactos) eu adorava cantar com o meu pai as músicas da composição dele, e cultivava o amor por alguns cantores e compositores, adorava escutar as histórias que o meu pai inventava e também os casos verídicos sobre os parentes e os amigos dele, eu ria muito ou me emocionava ao ouvi-los.
Eu sempre vivi rodeada de gente mais velha, meu avô João não me tratava como criança, mas como aprendiz. Ele ficava horas comigo dentro do estúdio fotográfico dele, lá ele me ensinava as técnicas da revelação, eu ficava encantada com todos aqueles produtos químicos, os meus olhos ficavam fixados na transformação, as fotos apareciam lentamente, e arte do meu avô era revelada sob os meus olhos. Era intrigante ver as fotos no varal do estúdio presas com pregadores de roupa, na porta de entrada do estúdio uma lâmpada vermelha era acesa indicando que estávamos intretidos no trabalho, dentro dele uma outra, pois qualquer claridade arruinaria a revelação e sob a luz vermelha se fazia toda aquela magia.
Me lembro de um tempo onde existia a " roupa de domingo", aquela que só podíamos colocar em ocasiões especiais ou ir à missa. Eu tinha uma costureira (D.Santa) que me fazia 1 vestido toda semana e eu adorava conversar com ela sobre moda e penteados, daí o meu lado extremamente feminino.
Eu lembro que fui ensinada a obedecer sem que os meus pais falassem uma só palavra, os olhos dos meus pais gritavam o que eles queriam dizer para mim.
A minha mania por sapatos veio da minha mãe, ela fazia com que eu experimentasse muitos modelos, e na dúvida ela sempre dizia: _ Leva todos então !!!
E assim foram com as minhas roupas também, mas estranhamente não sou compulsiva, hoje opto por peças clássicas ou casuais sem nenhum exagero.
Eu fui muito mimada, mas sempre cobraram de mim a tal responsabilidade, eles até abusaram da confiança que tinham por mim, deixaram que eu dirigisse com apenas 15 anos, e por falar nisso estou indignada, depois de tanto tempo dirigindo recebi a minha primeira multa aos 45 anos na semana passada. Que ódio mortal do policial e de mim.
Eu não tive uma infância comum, nunca gostei de bonecas e nem de brincar de casinha, eu tinha ojeriza só de pensar que eu faria comidinhas na brincadeira, me dava um tremor interno quando me convidavam para ser a "mamãe".
Eu sempre quis brincar de bancária, aeromoça, viajar nas naves espaciais, pilotar carros de corrida, atriz de teatro, diretora de cinema, fazer alta costura e fotografar.

Eu tinha um balanço no quintal da minha casa, num enorme pé de manga, lá era o lugar onde eu relaxava e viajava o mundo todo na minha imaginação. Ali eu era quem eu queria ser.
A minha adolescência foi maravilhosa, comecei trabalhar como modelo publicitário aos 15 anos, descobri que eu tinha mais uma paixão, trabalhar e ganhar o meu próprio dinheiro.
Comprei o meu primeiro carro, viajei pelo Brasil inteiro, fiz planos e mais planos, concretizei alguns e abandonei outros pelo caminho rumo a maturidade.
Quando eu cresci queria uma profissão que me desse liberdade, eu queria ser arqueóloga, mas nada disso aconteceu, tudo foi por água a baixo por conta de um tempo obscuro na minha vida.
Anos depois e outra vez com as rédeas nas minhas mãos, consegui o controle do meu tempo e segui o meu próprio caminho, houve muitos obstáculos na minha vida e eles me impediram de optar por uma carreira aventureira.
Não restou outra opção, fiz uma faculdade comum e sem aventuras, terminei o Direito, mas não era o que eu queria, curiosa sobre o mundo místico resolvi ir fundo no assunto e novamente me formei, fiz Terapia Holística ela abre um grande leque, e tem vários cursos paralelos, nem vou enumerar aqui todas as especializações.
São tantas "pia" cromo terapia, aromo terapia, musico terapia,terapias ortomoleculares e assim vai...Mudei o meu padrão de pensamento, a minha forma de agir e coloquei mais tolerância nas minhas atitudes.Mudei também a minha casa e a minha vida, fui por um outro caminho e ainda estou nele, o caminho da tranquilidade.
Eu descobri que posso viver como eu quero, com quem eu quero, num ritmo equilibrado e indo de encontro ao meu bem estar. Eu quero a calma da noite, o cheiro de incenso no ar, o balanço da rede. Eu quero sentir orgulho de ter construido a minha paz.
A minha vida está pautada no mundo espiritual e quem diria... uma menina mimada criada com os olhos voltados para o materialismo, hoje uma mulher que canta mantras, faz meditação, cuida das flores , pinta, escreve e cozinha aproveitando a alquimia que a culinária oferece.
Sou espiritualizada por opção mas moderna pela evolução, a vida de mulher moderna é complicada, com muitos detalhes que se relacionam e que deixariam nossa bisavó cansada só de pensar.Esse negócio de ser multi-facetada (a mulher de hoje é esposa, amante, mãe, profissional bem sucedida, tem dentes brancos, celulite sob controle, gosta de programar a sua própria vida, e ainda comanda uma família com os pés nas costas.Olha, ser mulher não é fácil, pra ser mulher tem que ser muito homem.
Eu não sou uma mulher cheia de coisinhas, florzinhas ou romântica de carteirinha, acho isso tudo muito chato, mas cada um com o seu cada um, não é?
Sou de luta, de fibra e raramente paro para chorar, eu choro de raiva, choro muito mesmo.
Eu sou cheia de defeitos, tenho alguns preconceitos , alguns erros, mesmo assim eu não dou o direito para ninguém contesta-los. Faço as minhas regras e o meu jogo e os meus jogadores terão a garantia de que aqui o jogo não será nada fácil, mas 100% honesto.
Eu não faço a mínima questão de ser uma super mulher, não estou querendo homenagens e nem medalhas, não dá para ser eficiente 24 horas por dia.
Aquela menina cresceu e quer viver inebriada com o seu passado cheio de classe, mas com os pés cravado no futuro, ainda cheia de planos mesmo que alguns se percam pelo caminho.
De uma coisa eu não abro mão, quero estar sempre agarradinha na Dona Felicidade.

Por Gemária Sampaio

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Assim será ...


Eu acredito que os nossos caminhos não dependem somente de nós, não escolhemos as pessoas que passam nas nossas vidas.
Por tantas que eu já presenciei, aprendi que a lei do universo e a da espiritualidade nos coloca diante de pessoas e situações para o nosso aprendizado.
A Lei da Atração nos manda correndo os nossos afins, a vida nos dará de presente tudo aquilo que nós merecemos, seja bom ou ruim.

De que outra forma a justiça se faria?
Um velho ditado diz :"Quem planta colhe" esse é um ditado que simplifica a lei do retorno.
Eu ainda acredito na lei trina (três vezes) tudo virá em triplo, pode acreditar.
Pode ter certeza que desta maneira aprenderemos muito, só estando na pele do outro para saber a felicidade que causamos ou infelizmente a tristeza que deixamos nos corações alheios.
Se a lição vem dessa forma, só nos resta prestar atenção nas nossas ações, vontades e intenções. O nosso inferno ou o nosso céu é aqui mesmo...bem debaixo dos nossos pés.
Nós receberemos tudo o que fizemos de volta mais cedo ou mais tarde. Abra os braços e receba com humildade, preste atenção e decifre o recado que a vida prepara para você a cada novo dia.

Por Gemária Sampaio

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Acorrente-me aos teus pés, só assim terei paz!


“Os homens trataram até agora as mulheres como pássaros que, vindos das alturas, perderam-se e vieram refugiar-se ao pé deles. Enfim, como algo de mais delicado, mais vulnerável, mais selvagem, mais esquisito, mais doce, com mais alma - mas algo que se deve engaiolar, para que não fuja”.(Friedrich Wilhelm Nietzsche)


O ciúmes não é um vilão, eu vejo o ciúmes pelo lado positivo e coloco o lado gostoso desse sentimento na minha relação. Dá uma sensação de que a batalha ainda não está ganha e você não relaxa (no bom sentido) nos cuidados com o outro. O ciúmes potencializa as emoções fazendo o amor se sentir mais forte e o sexo mais apaixonado.Como um remédio tem que ser usado em pequenas doses , uma dosagem alta pode matar.
Muitos tem vergonha de admitir que senti ciúmes, vem o medo de ser ridicularizado pelos amigos, mas assumir esse sentimento faz bem para o espírito e mente.
Ninguém é igual, cada um com o seu comportamento diante da vida, muitos tem a mania de julgar o comportamento alheio, mas por dentro não teriam coragem de declarar os seus sentimentos para não ser criticado; engole seco e faz cara de paisagem para não ser chamado de inseguro ou sufocante. Não tenha medo de encarar os seus defeitos, desde que sejam brandos tenha orgulho de poder falar sobre eles, afinal ninguém é perfeito!
Existe uma atitude que faz qualquer cena de ciúmes cair no vazio: a sinceridade.
Tente dizer apenas três palavras " ESTOU COM CIÚMES" depois de desabafar o seu par vai entender o que se passou, e se ele amar você não repetirá o erro, se é que houve um erro, tudo vai ser esclarecido, basta conversar e fazer do diálogo o terceiro desta relação.
O ciúmes é um sentimento muito parecido com a inveja por isso devemos detectar o que é um e o que é outro, podemos em uma briga não demonstrar o medo de perder o amor ou sentir-se rejeitado no momento, mas querer ser igual ao parceiro por ele ter algum atributos que o outro não possui.
E pode também ser uma mistura dos dois sentimentos, eles se alternam, então não dá para saber o que realmente pode estar acontecendo.
Veja, se for assim a conversa é outra, pois temos que ter e ser alguém que ajude a crescer e não paralisar a vida de qualquer pessoa que nos relacionamos. Ambos são um misto de desconforto, raiva e atormentam aquele que cobiça algo que o outro tem.
O ciúmes doentio não atinge somente o lado amoroso, o doente pode ter ciúmes dos irmãos, filhos, parentes mais próximos e até de coisas materiais com exagero.
Ele marca um território imaginário de posse e marca "colado" tomando conta passo a passo de alguém ou algo. Temos então um caso para um sério tratamento, a paranóia é reconhecida pelo próprio doente mas nada faz com que ele amenize o mal estar da dúvida ou posse.
Para demonstrar ciúmes deve haver um fato concreto e não uma dúvida concreta, a fantasia e o " SE ..." não deve fazer parte de um sentimento normal.
O caso em questão ou demanda deve ter uma explicação plausível, como poderemos explicar algo que só acontece na fantasia do ciumento?Isto é um sinal de que não é um simples ciúmes, mas que estamos dentro de um problema grave.
Grave quando o ciumento não consegue o seu objetivo: submeter o outro ao seu comando, e se não "presta", o alvo será destruir aquele que tem idéias e vontade própria, assim não terá que enfrentar o desafio de ter um par cheio de vida e com possibilidades diferentes no seu dia a dia.
O ciumento patológico é limitado, tem um imenso vazio, geralmente com problemas desda infância. Ele é retraído e tímido, tem um exarcebado orgulho de si, portanto não quer ser diminuído, sendo trocado ou desobedecido, acha que o respeito vem da anulação da vida do seu par.
Quer sentir-se o dono da situação e ver o outro como propriedade, considera o outro como bichos difíceis de governar. Vem daí a vontade de prender, acorrentar fisicamente e espiritualmente, o outro, acontece as ameaças, as calúnias e os assédios morais; fica fora de questão deixar com que o outro tome decisões sem o seu aval.
Esse é um caso onde os amigos e a família deve sim intervir, pois o medo paralisa e deixa a vítima acuada, sem meios de auto proteção, e pode ter também uma dependência financeira ou psicológica no meio dessa história.
Um relacionamento pode ser temperado com muitos sentimentos, o importante vai ser a dosagem e alquimia usada por nós. O amor nos salva ou nos destrói!

Por Gemária Sampaio